‘Camadas de segurança’: governo de SC detalha medidas após ataque a creche; veja ações
10.04.2023 - Fonte: Maria Fernanda Salinet | NDmais
Após o ataque a creche de Blumenau, no Vale do Itajaí, na manhã desta quarta-feira (5), o governo do Estado detalhou medidas de segurança que devem ser implementadas para aumentar a segurança nas escolas estaduais.
Em entrevista coletiva, o delegado-geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, destacou a criação de um protocolo de prevenção e um de contingência, em parceria com a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros Militar, a Polícia Civil e a Polícia Científica, em todas as escolas de Santa Catarina, para verificar a vulnerabilidade dos locais.
Ele diz, ainda, que esse levantamento será feito em postos de saúde e outros locais, já que criminosos podem atacar não apenas áreas escolares.
“Desde a semana passado estávamos orquestrando um plano de contingência para evitar que isso aconteça, contruindo um plano no sentido de garantir que mortes não acontecessem”, afirmou o delegado-geral.
“Vamos criar uma sistemática de perfis comportamentais de criminosos que possam praticar esses ilícitos penais. Vamos analisar as condutas prévias de indivíduos perigosos e verificar se eles podem voltar a praticar condutas, em especial, aqueles que estão em liberdade”, detalha Ulisses Gabriel.
A ideia é estudar câmeras de monitoramento com um serviço de inteligência, como ocorre em Israel, em que indivúdios são reconhecidos por condutas suspeitas, como sacar uma arma, e os policiais mais próximos possam ser acionados via SMS. Além disso, ensinar aos professores como agir em momentos de ataque.
“Correr, se esconder, lutar”
O consultor em segurança pública, Bene Barbosa, destacou a necessidade da criação de protolocos nas escolas de Santa Catarina, em entrevista ao Balanço Geral, da NDTV.
O especialista afirma que não é apenas uma ação que protegerá os estudantes e a comunidade escolar dos ataques, mas é necessário implementar “camadas de segurança”.
A primeira questão é restringir o acesso a esses locais e, em seguida, criar um protocolo caso o criminoso consiga entrar em uma escola ou creche, como aconteceu em Blumenau. O criminoso pulou o muro da escola e atacou os alunos que estavam brincando no pátio. Quatro crianças morreram.
“Se eu tenho uma câmera instalada, tem alguém olhando, verifico uma situação anormal, qual é o protocolo? É ligar para o 190, ok, corretíssimo, mas quanto tempo a polícia vai levar pra chegar? Enquanto a polícia não chega, o que eu tenho para implementar?”, questiona.
Ele aponta que existe um protocolo muito usado nos Estados Unidos que é o “correr, se esconder, lutar”. Barbosa explica que “a primeira coisa é fugir, se possível sair do prédio, saia do local. Se não conseguiu fugir ou fugiu só até um certo ponto, deve se esconder para que o assassino tenha dificuldades de localizá-lo”.
Se esses os dois primeiros protocolos deram errado, a terceira ação é lutar. “São protocolos fáceis de serem adaptados, de serem ensinados, claro que entra também a questão da faixa etária das crianças, mas tudo é possível de ser feito para trazer segurança”, defende.
Bene Barbosa destaca que “é necessário ter consciência de que o problema existe. Não foi o primeiro e, provavelmente, não será o último”.
Ameaças contra escolas de SC
A Deic/SC (Diretoria de Investigação Criminal de Santa Catarina) realizou cinco operações que apuraram ameaças contra escolas do Estado, além de monitorar os indivíduos autores das ameaças. As investigações ocorreram em Campo Erê, Três de Maio, Barra Velha, Florianópolis e São José.
O delegado-geral diz que há ainda, outros casos investigados, em como Rodeio, onde suspeitos foram identificados. “Várias situações neste ano foram registradas e identificadas pela inteligência da Polícia Civil com possíveis autores de crimes em Imbituba, Concórdia, Blumenau, São Bento, São José e Criciúma”, completa.
Nos próximos dias, o governo do Estado irá se reunir com as Polícias Civil e Militar para tomar providências sobre segurança nas escolas.