Setor de etanol e açúcar no Brasil pode render mais de R$ 500 milhões em apólices de seguro

24.06.2024 - Fonte: Sonho Seguro

2147916276

Embora se pense que o setor está concentrado nos grandes grupos produtores, os dez maiores grupos representam apenas 35% da capacidade total de moagem de cana

O setor de etanol e açúcar no Brasil é essencial para a economia nacional, mas enfrenta desafios únicos na gestão de riscos e seguros. Estima-se que os ativos seguráveis das unidades de processamento alcancem R$ 220 bilhões, gerando um potencial de prêmios de seguros anuais de R$ 500 milhões, afirma o especialista e consultor em risco Waldemir Queiroz.

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e deve colher esse ano mais de 700 milhões de toneladas que serão esmagadas em 345 usinas para produção de etanol. Em maio, o tema chamou a atenção do setor de seguros com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração da nova planta industrial de etanol de segunda geração da Raízen.

O Etanol de Segunda Geração avança em importância com o tema “Transição energética” por se diferenciar pelo uso do bagaço proveniente da produção do açúcar e etanol comum para produzir mais etanol. O reaproveitamento, que também envolve ingredientes como palha e outros elementos residuais, proporciona aumento de até 50% na produção, sem aumento de área plantada, e índice 30% menor de emissão de gases de efeito estufa. Cerca de 70% dos equipamentos para o processo de transformação do E2G são produzidos no Brasil. A pegada de carbono é 80% menor que a gasolina comum.

“Embora se pense que o setor está concentrado nos grandes grupos produtores, os dez maiores grupos representam apenas 35% da capacidade total de moagem de cana. Portanto, os médios produtores de etanol e açúcar são a força vital da indústria de biocombustíveis no Brasil”, revela estudo realizado por ele juntos a clientes.

O setor agro tem diversas sugestões para melhorar a relação entre clientes e seguradoras. As Organizações têm avaliado a adoção de estratégias de consolidação de coberturas entre unidades para otimização dos custos, como relatado por Jamil Nasrallah, CFO da Araí Energy, que opera unidades em São Paulo, Goiás e Bahia.

A proteção dos ativos no setor de etanol e açúcar no Brasil requer uma gestão de risco eficaz e inovadora. As experiências compartilhadas pelos líderes do setor destacam a importância de investir em prevenção e adotar uma abordagem estratégica e integrada na gestão de seguros. A implementação de seguros paramétricos, embora promissora, ainda enfrenta desafios devido ao conhecimento limitado e à falta de adoção ampla no mercado. Além disso, a necessidade de equilibrar os custos de seguros com a capacidade financeira das empresas menores continua sendo um obstáculo significativo.

O autor da pesquisa afirma que para garantir a sustentabilidade e o crescimento do setor, é fundamental fortalecer as médias e pequenas empresas, que desempenham um papel vital na produção nacional. “A consolidação de coberturas entre unidades e a integração de departamentos internos podem otimizar custos e melhorar a eficácia das estratégias de mitigação de riscos. Com uma abordagem colaborativa e informada, o setor de etanol e açúcar pode continuar a prosperar, contribuindo significativamente para a economia brasileira enquanto enfrenta um ambiente cada vez mais desafiador”, conclui Waldemor Queiroz.

Segundo ele, em sua pesquisa, Octavio Quartim, CFO da Rio Amambaí Agroenergia, destaca que não existem “usinas pequenas”. Cada unidade, por menor que seja, apresenta uma complexidade, faturamento e riscos superiores aos de muitas indústrias de grande porte no Brasil.

Os grupos independentes, apesar do tamanho e complexidade, muitas vezes não possuem uma estrutura dedicada à gestão de riscos e seguros. Célido Ricardo, superintendente da Usina Estivas em Arez, RN, relatou na pesquisa que investimentos em segurança desde 2019 resultaram em uma redução de 25% no prêmio de seguro patrimonial.

Desafios Financeiros foi um tema destacado na pesquisa. Pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para equilibrar os custos de seguros com sua capacidade financeira, levando muitos a operar sem cobertura. Carlos Alamon, gerente de controladoria da CBB em Vila Boa, GO, menciona que essa situação prejudica a sustentabilidade e o crescimento das empresas.

David Somlo, da corretora Itsy, aponta a desconexão entre as taxas de seguro e os riscos reais das operações. Ele sugere o uso de benchmarking para diferenciar as usinas mais eficientes. Segundo ele, as seguradoras muitas vezes não entendem completamente o trabalho de prevenção realizado, contribuindo para taxas inadequadas de seguro.

Prevenção de Riscos e Seguros Paramétricos

O seguro paramétrico está presente nos anseios das cadeira Agro. Maria Ferrante, senior banker do RaboBank, observa melhorias na prevenção de riscos operacionais com a entrada de novos players no setor sucroalcooleiro que possuem uma forte cultura de prevenção. Ela, que opera uma carteira de mais de 20 clientes no setor, destaca a falta de adoção significativa de seguros paramétricos na agricultura.

Medidas para mitigar riscos hídricos têm ganhado mais atenção, embora a aplicação de seguros paramétricos ainda seja incipiente. David observa muito potencial nos seguros paramétricos, que são pouco utilizados devido ao conhecimento limitado do mercado. Quartim, da Rio Amanbai, no entanto, mencionou experiências com seguros paramétricos, que, apesar de promissores, ainda não foram testados na prática pela empresa.

Marcelly Araújo, gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente na USACUCAR em Maringá, PR, enfatiza a importância de integrar a gestão de seguros na estratégia global de riscos. Com uma capacidade de moagem de 11 milhões de toneladas de cana por ano e planos de expansão para 17 milhões, a USACUCAR desenvolve um Sistema Integrado de Gestão de Riscos com o auxílio de uma consultoria internacional. Ela ressalta que a integração entre o departamento de suprimentos e a gestão de seguros é crucial para a eficácia da estratégia de mitigação de riscos. Já Quartin, ressalta que sua organização possui apólices adequadas, mas enfrenta o desafio de envolver o time operacional na discussão dos riscos e das coberturas seguradas.

Notícias Relacionadas