As histórias por trás dos números da tragédia em Canoas
15.05.2024 - Fonte: Seguro Gaúcho
Inundações, enchentes e chuvas intensas são fatos que acontecem em várias regiões, mas quando provocam devastação ganham destaque na mídia. De maneira geral, a população pensa que jamais será atingida por uma catástrofe climática. Mas entre os últimos dias de abril e os primeiros dias de maio de 2024 o Rio Grande do Sul foi assolado pela maior catástrofe climática da história do estado. A cidade de Canoas foi uma das mais atingidas em todo o estado e enchentes afetaram cerca de 150 mil pessoas, inclusive profissionais do setor de seguros que precisaram alojar-se em residências de parentes, amigos ou conhecidos.
Quando as águas dos rios Sinos, Caí e Jacuí suplantaram barreiras e inundaram as ruas dos bairros canoenses Mathias Velho, Harmonia e Centro o fato causou apreensão na população local. Enquanto vários moradores estavam dormindo, a água começou a invadir suas casas e em poucas horas o nível subiu rapidamente como jamais havia acontecido. Como em um cenário caótico, tantas vezes já retratado em filmes, houve fuga em massa da população local. Algumas pessoas chegaram a abandonar seus carros no meio da via e correram segurando seus pertences.
Maximiliano Giacomuzzi
Acompanhado da esposa Rita e do filho Vitor, o operacional da Lótus Assessoria, Maximiliano Giacomuzzi teve que abandonar seu apartamento na rua Saldanha da Gama, no bairro Harmonia, na manhã do dia 04 de maio. Felizmente sua esposa ainda encontrou tempo para proteger eletrodomésticos e alguns objetos colocando-os na parte mais elevada do imóvel. Com a água acima da cintura, a família deixou o local e foi resgatada por um barco. No mesmo edifício, residem outras pessoas de sua família: o sogro e a cunhada. E eles também precisaram abandonar a moradia.
Como o apartamento de Giacomuzzi está situado no segundo andar, ele espera que o local não tenha sido invadido pelas águas. Diante de uma enchente avassaladora, não houve tempo para resgatar o veículo da família, que ficou submerso. Mas não foi só o carro que sofreu com a catástrofe climática. Situada no térreo do mesmo prédio, a loja de sua cunhada também sofreu com a enchente: “o estabelecimento comercial confecciona canecas e agendas personalizadas, mas infelizmente o espaço foi tomado pela pela enxurrada”.
Após o resgate da enchente, o destino inicial da família foi uma casa situada em outra região da cidade. O local também abrigou mais algumas vítimas dos alagamentos que devastaram parte de Canoas: “ficamos por alguns dias numa residência provisória. Lá não conhecíamos ninguém e tivemos até que vestir roupas doadas, pois estávamos desalojados. Não foi fácil viver esse momento provocado pela catástrofe climática”. Após alguns dias vivendo no endereço provisório, Giacomuzzi e sua família foram para a residência de seus pais, no bairro Agronomia, em Porto Alegre: “agora estamos vivendo certo alívio. Já que ainda não conseguimos retornar para nosso apartamento, pelo menos estamos em um clima familiar e aconchegante”.
Como as águas ainda não baixaram significativamente, Giacomuzzi e sua família não puderam retornar para o imóvel. Ele têm conhecimento da devastação que houve na região e sabe que as próximas semanas serão de reconstrução: “teremos muito trabalho pela frente e infelizmente não pudemos sequer medir os prejuízos”. Sua esposa Rita também trabalha no mercado segurador, onde é executiva de uma Companhia.
Diante da tragédia vivida, Giacomuzzi tem um sentimento de impotência já que é impossível ao ser humano se sobrepor às forças da natureza, mas ele também sente certa indignação. “A Prefeitura de Canooas poderia ter colocado as bombas para acelerar o escoamento das águas. Na minha opinão também houve desorganização nas informações referentes aos alertas de evacuação de nossa região. Se a população tivesse sido comunicada com mais clareza poderia ter saído do local de forma organizada, evitando o caos”, finaliza o securitário, que aguarda com expectativa o retorno de sua família para casa.
Simone Menezes
A gerente comercial da EZZE Seguros, Simone Menezes, foi uma das atingidas. Junto com sua família, ela precisou abandonar às pressas sua casa na rua Distrito Federal, no bairro Mathias Velho. A executiva recorda que durante toda a madrugada ela e seu marido acompanhavam a elevação do nível da água, mas não esperavam que ocorresse o rompimento dos diques Mathias Velho e Rio Branco. Quando perceberam que o alagamento já tomava conta das ruas no entorno da residência, decidiram recolher o que fosse possível e abandonar o local. “Eu e minhas filhas saímos de carro, enquanto que meu marido foi caminhando com nossos cinco cães. Em determinado momento as filhas decidiram ajudá-lo a conduzir os cachorros e repentinamente a água subiu a rua numa velocidade absurda. Quando terminamos de percorrer o trajeto, o nível de água já estava acima da cintura deles. Foi tudo muito rápido e impactante”, relata Simone.
A grande maioria dos desalojados ainda não conseguiram voltar para suas residências e as chuvas dos dias 10, 11 e 12 de maio estão prejudicando ainda mais o retorno. Entretanto, a executiva da Ezze não espera chegar em casa e recuperar muita coisa, já que a água atingiu o teto de sua moradia: “tenho escutado que alguns eletrodomésticos podem ser consertados, mas depois de vários dias submersos tenho dúvidas sobre a eficácia do funcionamento deles. Para piorar a situação, ainda sofremos o risco de saques, já que as residências têm sido invadidas”.
Além da reconstrução individual que vivenciará nos próximos meses, Simone tem um sentimento de temor e aflição diante de um futuro próximo. “Meu medo é que esse tipo de catástrofe se torne uma constante, pois com a ruptura do dique e as “veias” que o trajeto dos rios criou, possamos sofrer novas enchentes. E o pior de tudo é que logo atingiremos o inverno, que é uma estação das chuvas. Meu receio é que não consigamos nos reerguer antes mesmo de uma nova inundação”, conclui com muita preocupação.
Daniela Zimmer
Jovem, dinâmica, comunicativa e pró-ativa, Daniela Menezes dos Santos Zimmer vem construindo paulatinamente sua trajetória profissional no mercado segurador. Executiva da Suhai Seguradora, nos últimos dois anos ela presidiu o Clube da Pedrinha do RS. Ao lado da filha Marina e do marido Jefferson vivenciava bons momentos, quando a enchente decorrente de volumosas atingiu sua casa, situada na rua Severo Brombatti no bairro Harmonia, fazendo com que os três tivessem que abandonar a própria residência. No dia 02 de maio ela e sua família foram comunicados pela Prefeitura de Canoas que o bairro onde residem deveria ser evacuado.
Angústia e temor foram sensações presentes em Daniela quando ela percebeu o avanço das águas avançarem em direção ao seu lar e, diante desse fato, arrumou as malas, pegou notebooks, documentos e os dois gatos. A saída de casa ocorreu por volta das 23h, quando os dois carros rumaram para casa de uma amiga. “Por volta das 5h do dia seguinte, 03 de maio, vi através da câmera interna que já havia entrado água em minha casa. Pouco tempo depois o fornecimento de luz foi interrompido. A partir desse momento permanecemos bastante angustiados, já que a água que invade nossa residência atinge um nível situado entre 1m20cm e 1m80cm”, explica a executiva da Suhai.
Felizmente Daniela pode contar com o apoio da Suhai Seguradora. Em situações extremas o acolhimento e o amparo emocional são muito importantes. Dez dias após ser forçada a deixar sua casa, Daniela espera com ansiedade pelo momento do retorno ao lar e a possibilidade de recomeçar a vida. “Sofremos com a angústia de ainda não ter acesso a nossa casa e também não temos previsão de quando iremos para lá. Estou ciente que teremos muito trabalho pela frente”, conclui.
Saiba mais
De 26 de abril a 02 de maio de 2024, chegou a chover de 500 a 700 mm em diversas cidades, o que corresponde a um terço da média histórica de precipitação para todo um ano. Em outras localidades a precipitação ficou entre 300 e 400 mm. A região metropolitana foi uma das mais atingidas e por apresentar uma população numerosa, muitas pessoas foram diretamente afetadas, pois ficaram desalojadas. Especificamente em Canoas, a elevação dos rios deixou várias famílias ilhadas. Diversas pessoas tiveram que aguardar pelo resgate em cima dos telhados. A universidade Ulbra virou centro de distribuição de donativos e está servindo para abrigar moradores desalojados.
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