Icatu Seguros: mercado, perspectivas e potencial
15.02.2023 - Fonte: Monitor Mercantil
Conversamos sobre a Icatu Seguros com Guilherme Hinrichsen, vice-presidente Comercial da companhia.
Como a Icatu Seguros avalia o mercado de seguro de vida, previdência e capitalização em 2022 e suas perspectivas para 2023?
O mercado de seguros de vida continua crescendo, de forma bem resiliente, mesmo tendo sofrido um pouco com a crise sanitária vivida nos últimos anos por conta da Covid, que impactou o aumento de sinistralidade e, consequentemente, o resultado das companhias. Mesmo assim, e talvez até por isso, houve um aumento na procura por esse tipo de seguro.
No ano passado, enquanto o mercado cresceu 15%, a Icatu cresceu 16%, com R$ 3,4 bilhões em prêmios retidos. O destaque foi o vida individual, com as pessoas físicas entendendo a finitude e a questão do risco, já que todos estão expostos no dia a dia. Esse seguro cresceu 34% na Icatu. Isso realmente demonstra a preocupação do brasileiro em se proteger, mais do que vinha acontecendo antes.
Em relação à previdência, curiosamente, apesar de ser um produto de acumulação, ela também serve como um “seguro” para momentos de crise financeira. Isso se mostrou como uma verdade no pós Covid e na questão do impacto na economia. Por mais que os resgates tenham aumentado, o que pressiona as seguradoras por saída de recursos, isso mostra, de fato, a entrega do serviço contratado.
As saídas aumentaram 18% em relação a 2021, no entanto, a captação líquida, ou seja, o que entrou versus o que saiu, fechou positivo, mostrando a resiliência da indústria. Menos que em 2021, é verdade, mas ainda sim positivo. Com relação a Icatu, fechamos com R$ 50 bilhões sob administração, com um aumento de 8% nas reservas em 2022.
A capitalização tem uma dinâmica diferente. Trata-se de um produto que hoje no Brasil é vendido como uma acumulação com resgate e sorteio, mas também como garantia. Nós somos muito fortes na carteira de garantia locatícia. Nesse produto, em vez de se ter um fiador para alugar um imóvel, você pode contratar um plano de capitalização que serve como uma caução para o contrato de locação, sem a necessidade de fiador. Esse mercado tem crescido bastante. No ano passado, crescemos 7% em relação a 2021. Em provisão, chegamos a R$ 3,5 bilhões, e em faturamento, R$ 2,3 bilhões.
Em 2022, crescemos junto com os três mercados onde operamos no ramo de pessoas. Para 2023, nossa expectativa é que cresçamos mais aceleradamente, na casa dos dois dígitos, nas três carteiras.
Nos últimos anos, a previdência privada foi impulsionada pelas discussões de reforma da previdência. Ela se posicionou, e é, de fato, como uma alternativa para complementar a previdência social. No vida, enfrentamos um marco importante, que foi a Covid. Infelizmente, perdemos muitas vidas, mas foi esse marco que talvez tenha feito o brasileiro mudar o clique de preocupação com proteção. Isso veio para ficar, pois trata-se de uma tendência perene. Esse assunto não vai diminuir agora porque a Covid deu uma arrefecida. Isso entrou no cotidiano do brasileiro.
Como a Icatu Seguros está vendo a digitalização do mercado?
Esse é um ponto extremamente importante. Com a Covid, o mercado de seguros acelerou muito a digitalização dos seus processos em todos os sentidos, tanto de venda quanto de pós-venda. Na Icatu, em dois, três anos, evoluímos mais do que nos seis, sete anos anteriores, tanto na contratação 100% digital quanto na jornada digital, com tudo feito online.
Nós fortalecemos o portal de APIs que são os serviços tecnológicos que nossos parceiros consomem para dar aos clientes finais. Ele foi aparelhado com a jornada completa. Hoje, nossos parceiros podem, tranquilamente, fazer a programação de resgate no seu aplicativo para o cliente final de forma 100% digital, sem precisar de papel. Nós vimos a mesma coisa nos nossos concorrentes. A digitalização evoluiu muito por questões de necessidade do mercado.
Além disso, temos a customização de produtos, que estão cada vez mais flexíveis e tailor-made, o que chamamos de corte e costura. Nós fizemos uma experiência para isso, onde cada cliente escolhe exatamente o produto que quer contratar, plugando ou desplugando coberturas e sensibilizando o ticket. Temos cada vez mais essa personalização, que só é possível com tecnologia e digitalização.
Como a Icatu Seguros está vendo a implementação do Open Insurance e como a companhia pretende utilizá-lo?
O Open Insurance está sendo muito desafiador. O mercado inteiro se mobilizar para fazer o processo acontecer, com a integração de todas as companhias de seguro, com tudo digital e feito por APIs, é um desafio enorme. No final das contas, quem vai ganhar com isso são os clientes, que vão ter as informações e poderão comparar serviços, produtos e preços oferecidos no mercado. Isso é muito positivo.
Nós temos uma equipe de 50 pessoas dedicada nos últimos dois anos, e de forma full time, ao Open Insurance, não só na parte de programação e tecnologia, mas também na parte de compliance e negócios, olhando para ele como uma oportunidade de melhorarmos e sermos mais competitivos.
Com o cliente no centro do processo, dono das suas informações e dos seus dados, ele vai contratar aquilo que precisa com preço ajustado às suas necessidades. O mercado, certamente, vai aumentar a penetração de seguros, já que pessoas que não tinham vão poder ter uma oferta personalizada. A competitividade e as empresas que prestam os melhores serviços vão ficar muito evidentes.
Há muitos anos se fala do potencial do mercado de seguros no Brasil, mas esse potencial não se desenvolve. Na visão da Icatu Seguros, o que seria necessário para que esse potencial fosse de fato desenvolvido?
O potencial é muito grande, e o mercado vem crescendo na casa de dois dígitos há bastante tempo. Segundo a Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrev), algo em torno de 20% das pessoas têm algum tipo de seguro de vida. Por mais que a participação no PIB seja muito baixa, fala-se muito no enorme potencial desse mercado, já que 80% das pessoas não têm esse tipo de seguro, sendo que em outros países mais da metade da população tem seguro de vida.
Honestamente, falta conscientização da proteção para acelerar esse processo. Trata-se de uma questão cultural. Por exemplo, em países como os Estados Unidos ou Japão, onde o seguro de vida é amplamente contratado pela população, o que é diferente é a cultura. O sujeito nasce e já tem logo um seguro de vida ou uma previdência privada. Falta divulgação cada vez maior, já que criação de cultura passa por comunicação e educação financeira.
Esse é um tema bastante importante. A FenaPrev tem feito um trabalho enorme de divulgação e de educação financeira. Com relação à Icatu, o que mais temos feito é geração de conteúdo, seja para o corretor parceiro, seja para o cliente final. Se você entrar no nosso site, temos a Plataforma de Conhecimento, que nada mais é que uma ferramenta de educação financeira para despertar a necessidade do cliente, de forma a que ele identifique que precisa tanto se planejar para viver muito quanto se programar para o caso de, eventualmente, viver menos do que imagina. A previdência e o seguro de vida cobrem esses dois riscos.