Mais conscientização: as perspectivas para o seguro de vida em 2023
30.11.2022 - Fonte: CQCS
O avanço da vacinação contra covid e da recuperação econômica faz o mercado segurador apostar em um 2023 positivo para o seguro de vida. Analistas entrevistados pelo Valor Econômico prevêem aumento na venda das apólices e redução no pagamento de indenizações em função da vacinação. Outra aposta é o papel mais relevante das vendas on-line da modalidade. “Cada vez mais as pessoas têm se conscientizado de que um seguro de vida deve ser contemplado no planejamento financeiro e isso se intensificou após a pandemia, momento em que as pessoas passaram a se preocupar ainda mais com o futuro da família e dos negócios”, afirma a diretora de produtos da MetLife, Paula Toguchi, que administra mais de 5,5 milhões de vidas seguradas.
Até setembro, as vendas de seguro de vida avançaram 14%, para R$ 160 bilhões, e as indenizações pagas, 13%, para R$ 104,6 bilhões. Um percentual abaixo da média do setor de seguros, que cresceu 18% no mesmo período.
A Bradesco Vida e Previdência, maior do segmento, cita duas grandes tendências: personalização e procura por produtos que promovam bem-estar físico e financeiro. De olho nisso, lançou o Vida Viva Bradesco, com objetivo de acompanhar a evolução e as mudanças no planejamento financeiro do segurado para que ele tenha maior autonomia na escolha das coberturas e assistências mais aderentes ao seu momento de vida. “O produto incentiva a revisão permanente do que foi contratado, para que o plano esteja sempre adequado às reais necessidades”, afirma o diretor Bernardo Castello em entrevista ao Valor.
Outro fato que anima as seguradoras é que o maior acesso a dados e conectividade promete transformar a subscrição em um processo mais personalizado. “Em vez de se restringir ao histórico familiar, morbidade passada e dados comportamentais no momento da venda, a subscrição pode ser um processo contínuo que responde por mudanças no estilo de vida”, afirma Nuno David, diretor comercial e de marketing da MAG Seguros, que em 2018 lançou a WinSocial. Trata-se de uma startup que permite oferecer seguros de vida personalizados para um público que, geralmente, não encontra este tipo de oferta no mercado – como pessoas com condições crônicas de saúde, que possuam hábitos saudáveis e estejam com um bom controle do tratamento. “Expandimos o portfólio de soluções para pessoas com obesidade, hipertensão, HIV+ ou com histórico de câncer de mama, próstata ou pele não melanoma”, acrescenta David.
A popularização da tecnologia também deve contribuir com novidades para as seguradoras no ramo de vida. A ascensão de ferramentas de avaliação de saúde doméstica, particularmente vestíveis, tornará mais fácil para os clientes compartilhar dados de saúde em troca de prêmios mais baixos. A Icatu fez parceria com a Betterfly e a Prudential com a Vitality para gamificar o uso de wearables.
A plataforma Betterfly pode ser adquirida pelas empresas para ser oferecida aos colaboradores, com um programa de benefícios que inclui acesso a um seguro de vida dinâmico, telemedicina, suporte psicológico, serviço de fitness, meditação, nutrição, educação e bem-estar. Nela, os usuários são incentivados a adotar hábitos saudáveis como a prática regular de exercícios, que geram moedas virtuais (Bettercoins) que aumentam o valor do capital segurado do seguro de vida e podem ser revertidas em doações para causas sociais. “Já temos uma inteligência de dados que nos permitirá fazer uma apenas com o CPF”, conta Luciana Bastos, diretora de produtos de vida, que acaba de atingir R$ 50 bilhões em administração de ativos de previdência, se tornando a maior não ligada a bancos.
Já a Prudential fechou uma parceria com o Mercado Pago para a democratização do seguro. O produto, com contratação 100% digital, tem capital segurado entre R$ 25 mil e R$ 250 mil, com tíquetes entre R$ 9,90 e R$ 73, tem a ambição de conquistar até 13% da base de 36 milhões de clientes do portal de serviços financeiros. Outra novidade da Prudential foi permitir aos clientes contratarem a cobertura para doenças graves, modalidade que mais tem crescido no setor, de forma direta. “Nosso próximo lançamento é um seguro de doenças graves focado no público infantil, entre dois e 13 anos e novas coberturas de cirurgias e quebra de ossos a partir de janeiro”, afirma Dennys Rosini, diretor de produtos da Prudential do Brasil, que detém 47,6% de participação de mercado do seguro de doenças graves, o que mais cresce desde 2020.