Procedimentos estéticos mal sucedidos abrem nicho de mercado inexplorado para o setor de Seguros
17.05.2024 - Fonte: Insurtalks
A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) apontou que o Brasil ocupa a segunda posição global em número de procedimentos estéticos, e destacou um aumento de 390% na busca por tratamentos estéticos de 2017 até 2021. Esse aumento engloba tanto o interesse por estética quanto por tratamentos de imperfeições como manchas, sinais e rugas, que também podem impactar a autoestima. A tendência às modificações estéticas foi ampliada pela visibilidade que as redes sociais conferem à perfeição física.
A insatisfação com a própria imagem pode virar obsessão Há um fenômeno conhecido como “Dismorfia do Zoom” que tem a ver com a crescente preocupação das pessoas com a própria imagem projetada durante videochamadas. Com o aumento das reuniões virtuais, durante o isolamento da pandemia de Covid-19, muitos começaram a notar imperfeições enquanto se observavam em tela, gerando desconforto com sua aparência. Esse desconforto muitas vezes leva à utilização de filtros digitais oferecidos pelas plataformas de comunicação na tentativa de disfarçar possíveis imperfeições. O problema é que com a reincidência do uso ao ponto de torná-lo uma rotina, a pessoa cria uma imagem de si mesma diferente da real e o descontentamento que isso suscita pode evoluir para a busca por procedimentos estéticos.
A partir daí, a insatisfação com a própria imagem pode virar obsessão. A decisão de realizar uma cirurgia plástica não é, por si só, preocupante. Contudo, torna-se uma questão quando a motivação para tal busca é uma preocupação excessiva em atender a um ideal de beleza, muitas vezes mais focado nas expectativas alheias do que no bem-estar individual.
Muitas pessoas sofreram prejuízos variados em decorrência de procedimentos estéticos
Paralelamente a esse fenômeno (e grande parte, em decorrência dele), há anos surgem notícias de pessoas que chegaram a falecer em decorrência desse tipo de procedimento e em vários outros casos, as vítimas sofreram prejuízos de ordem física, estética, patrimonial ou psicológica. Por exemplo, na semana passada, uma empresária morreu após fazer uma cirurgia plástica em um hospital. Há casos variados, como o da harmonização facial feita por uma influenciadora e modelo acabou tendo complicações e a modelo perdeu totalmente os lábios e ficou com o rosto desfigurado; uma outra mulher sofreu graves queimaduras pelo corpo depois de passar por bronzeamento artificial e uma senhora que faleceu depois de fazer um lifting facial.
Cuidados ao buscar procedimentos estéticos
Por conta de diversos incidentes como os relatados acima, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica juntamente com outras entidades médicas, enfatiza a importância de tomar precauções ao escolher realizar tratamentos estéticos ou cirurgias plásticas. As organizações também alertam sobre os riscos associados à escolha de profissionais que operam de maneira irregular ou clandestina.
Necessidade de um suporte de segurança mais específico para quem opta por modificação estética
Episódios de complicações graves decorrentes desses tipos de procedimentos, incluindo desfechos fatais, reforçam a necessidade de um suporte de segurança mais específico para quem opta por modificação estética. A atuação do setor de seguros, em um panorama como esse, pode ser decisivo para quem busca esse tipo de procedimento.
Seguros atuais não são suficientes para as especificidades e a variedade de riscos presentes nos tratamentos estéticos
Os seguros atuais que cobrem procedimentos gerais não são suficientes para as especificidades e a variedade de riscos presentes nos tratamentos estéticos. As proteções existentes até agora cobrem apenas “despesas extras” decorrentes de intercorrências, e são claramente insuficientes para os casos aqui abordados. Portanto, ainda que existam seguros para cirurgias convencionais, as apólices existentes não cobrem a totalidade dos tratamentos estéticos, nem os riscos específicos associados a eles.
Desafios na avaliação dos riscos e no estabelecimento de uma precificação justa
Ao considerar o desenvolvimento de seguros específicos para cirurgias e procedimentos estéticos, as seguradoras enfrentam alguns desafios. Um dos principais é a avaliação precisa dos riscos associados a cada tipo de procedimento, que varia bastante em termos de complexidade e possíveis complicações. Há também a necessidade de estabelecer uma precificação justa e acessível que considere tanto a frequência quanto a gravidade das intercorrências.
Oportunidade de desenvolver produtos específicos para esse nicho inexplorado
Por outro lado, há uma grande oportunidade para as seguradoras que decidirem investir e inovar em prol desse nicho inexplorado, desenvolvendo produtos que possam oferecer uma rede de proteção financeira e psicológica para os consumidores. Superando os desafios, as seguradoras têm a possibilidade de se tornarem líderes inovadoras em um mercado de nicho crescente, já que o aumento da demanda por procedimentos estéticos, refletida no aumento de 390% na busca por esses serviços no Brasil desde 2017, revela uma oportunidade clara para seguradoras que desejam explorar esse setor emergente.
A função primordial dos seguros, de proteger os indivíduos contra riscos e atender aos seus anseios sociais, nunca foi tão relevante
A busca por aceitação pessoal é natural e faz parte do que compõe a autoestima do indivíduo, mas nenhum procedimento de natureza estética deve comprometer a saúde física. No entanto, com a crescente influência das redes sociais e da cultura da perfeição, notou-se um aumento na oferta desses tratamentos, muitos dos quais podem ser realizados sem a observância dos critérios técnicos necessários e, alguns outros, ainda que o façam, não estão livres de intercorrências. Assim, conforme mais pessoas buscam melhorias estéticas, seja por motivos de autoestima ou pressões sociais amplificadas pelas redes sociais, a necessidade de uma proteção financeira e médica torna-se ainda mais crítica. Por isso, a função primordial dos seguros, de proteger os indivíduos contra riscos e atender aos seus anseios sociais, nunca foi tão relevante.
Portanto, é de suma importância que as seguradoras desenvolvam produtos que abordem as complicações médicas e também tratem de reparação estética, impactos psicológicos e outras consequências de tratamentos estéticos malsucedidos. Criação de produtos de seguro que reflitam e respondam a essas necessidades atende a uma exigência de um mercado carente de proteção e ainda abre novas possibilidades de negócios para o setor.