Ricardo Bottas assume UHG no Brasil com missão de retomar rentabilidade
15.05.2023 - Fonte: Pipeline
Executivo diz que grupo reafirma compromisso de longo prazo com país
Ricardo Bottas acaba de assumir a presidência do grupo de saúde UnitedHealth (UHG) no Brasil. A contratação do ex-presidente da SulAmérica pela dona da Amil foi antecipada pelo Valor, na semana passada. Os funcionários foram informados oficialmente nesta manhã.
“Minha chegada acontece justamente quando a UHG completa 10 anos de presença no Brasil, após a compra da Amil, no contexto de compromisso de longo prazo do grupo com o Brasil”, disse Bottas ao Pipeline.
O executivo já tinha cumprido a fase de transição acordada com a Rede D’Or no âmbito de fusão com a SulAmérica. As conversas começaram em janeiro e Bottas fechou com os americanos no fim de abril. Sua missão, agora, é retomar crescimento e rentabilidade, diante dos resultados fracos da UHG no país nos últimos anos.
A Amil perdeu market share nos últimos anos e não conseguiu ainda retomar o patamar pré-pandemia. Em 2019, a operadora tinha 7,6% de market share e terminou 2021 com 6,1%. Em 2016, por exemplo, já na gestão UHG, chegou a ter 9% do mercado. Nesses sete anos, a Bradesco Seguros passou de 8,6% para 8% e Hapvida e Intermédica, somadas, de 8,6% para 18%.
Em 20 anos, o numero de operadoras no país caiu de 1,5 mil para 700, diante de movimentos de consolidação e também das dificuldades do setor em lidar com custos altos e sinistralidades.
“Os resultados são um desafio e uma virada é importante para a sustentabilidade do negócio, mas vale lembrar que é uma companhia robusta em faturamento e patrimônio”, diz Bottas. A receita da UHG no Brasil no ano passado foi de R$ 24 bilhões, com PL de R$ 16 bilhões. O problema está na ultima linha: no ano passado, o prejuízo foi de pouco mais de R$ 2 bilhões.
“Mas é importante colocar os resultados dos últimos anos no contexto do mercado como um todo, que sentiu o efeito do lockdown e o setor de saúde ainda não se recuperou dos níveis pré-covid. Outro efeito é renda, que afeta tanto carteiras individuais quanto carteiras corporativas, pelo nível de emprego”, aponta o novo CEO.
Bottas é cirúrgico ao falar de compromisso de longo prazo, uma vez que a UHG já tentou vender sua operação de planos individuais no Brasil e cogitou a venda parcial ou total do negócio, assessorada por banco mandatado, como já mostrou o Valor. A primeira opção foi deixada de lado, depois do veto de venda pela agência reguladora e a segunda alternativa tem sido afastada pela companhia – e foi, claro, tema das conversas de Bottas para topar o contrato.
“Temos uma agenda de reafirmação de compromissos e um exemplo disso foi a decisão recente do grupo de voltar a vender o produto individual, com característica diferente daquele que vendeu há mais de 20 anos”, diz Bottas.
O produto será regional e começa por São Paulo, com estrutura de atendimento na rede do grupo UHG. A operadora atua com os dois tipos de modelo, verticalizado e rede aberta. A companhia também aposta no aumento da penetração do plano odontológico na base atual de clientes de saúde. “É um caminho de investimento e não desinvestimento. O convite que recebi foi para trabalhar com esse grupo olhando a longo prazo“, diz.
A UHG Brasil soma 36 mil colaboradores, e inclui o grupo Americas, com 12 hospitais, 30 centros clínicos e base de 30 mil médicos, comandado por Marcos Costa; a operadora de planos Amil, coordenada por Aline Schellhas, e a operação verticalizada, coordenada por Ronaldo Kalaf. Cada frente de negócio continuará com CEO próprio, e o trio passa a responder a Bottas. No mundo, a UHG é a maior operadora de saúde, com mais de 400 mil colaboradores e 150 milhões de vidas.
A UHG estava sem presidente no Brasil desde a aposentadoria de José Carlos Magalhães, no fim do ano passado.